Sabia que “Singin’ in the Rain”, a icônica canção-título de Cantando na Chuva, foi originalmente composta para outro filme? É isso mesmo. A canção foi composta em 1929 por Arthur Freed e Nacio Herb Brown para aparecer no musical da Metro-Goldwyn-Mayer, Hollywood Revue. Como era comum no início da era do “cinema falado”, Hollywood Revue (1929) era um “revue”, um tipo de filme que reunia em um palco os principais astros de um estúdio cantando, dançando e encenando números musicais. Esse, aliás, era um gênero bem popular nessa época.
O primeiro a interpretar a icônica canção, foi o ator e cantor Cliff Edwards, acompanhado pelo trio de cantoras, chamado de Brox Sisters. O número em que ela é apresentada aparece na segunda parte de Hollywood Revue. A canção foi um sucesso na voz de Edwards e ficou 12 semanas em primeiro lugar entre as mais tocadas dos Estados Unidos.
Só naquele mesmo ano de 1929, “Singin’ in the Rain” seria gravada mais duas outras vezes, pelos músicos Earl Burtnett e Gus Arnheim. Ambas as versões da canção ficariam entre as mais tocadas dos Estados Unidos. A versão de Burtnett ficaria em quarto lugar entre as mais tocadas por dez semanas e a versão de Arnheim ficaria em nono lugar entre as mais tocadas por sete semanas. Muitos outros artistas gravariam a canção até os anos 1950.
“Singin’ in the Rain” se torna um ícone do cinema
“Singin’ in the Rain” continuaria a ser só mais uma canção de sucesso, se no início dos anos 1950, Arthur Freed não resolvesse utilizá-la em um outro filme. Naquela época, já um poderoso produtor da Metro-Goldwyn-Mayer, Freed resolveu conceber um filme que servisse como veículo para diversas canções que ele e Nacio Herb Brown haviam composto entre 1929 e 1939. Ele então chamou dois roteiristas talentosos, Betty Comden e Adolph Green, e eles então conceberam a história de um astro do cinema mudo que é pego pela transição para o cinema falado e tem que, em meio a muitos problemas, tentar se adaptar a esse novo momento de sua carreira.
Assim, nasceu o clássico Cantando na Chuva, cujo nome vem justamente de “Singin’ in the Rain”, que serviria como sua canção-título. O sucesso do filme e da icônica cena em que Gene Kelly interpreta “Singin’ in the Rain” transformaram a canção que, de outra forma, poderia ter sido esquecida nos anais da história, em uma das mais icônicas, conhecidas e reverenciadas de toda a história da sétima arte.
O mais curioso é que Cantando na Chuva, atualmente considerado um dos maiores clássicos do cinema e o melhor filme musical já feito, praticamente não possui canções originais e foi produzido apenas para reutilizar canções antigas que Arthur Freed possuia disponíveis em seu acervo musical.
O que só prova que a genialidade artística pode transformar quase tudo em uma obra-prima. Filme e canção estão aí para provar isso. Já que mesmo sendo “produtos secundários” atingiram muito mais notoriedade que os “produtos originais”.

