Sabia que Cantando na Chuva foi produzido para aproveitar canções antigas? Atualmente, Cantando na Chuva (1952) é unanimemente considerado um dos maiores clássicos da história do cinema mundial e também, para muitos, o mais importante filme musical já produzido. Contudo, o que muita gente não sabe é que o filme não é produto de uma ideia genial ou de um projeto super bem desenvolvido. Na verdade, Cantando na Chuva surgiu unicamente para servir de veículo para canções antigas não utilizadas.
Por incrível que pareça, é isso mesmo que você escutou. No início dos anos 1950, o poderoso produtor da Metro-Goldwyn-Mayer, Arthur Freed, tinha algumas canções “antigas” disponíveis em seu catálogo. As canções haviam sido compostas pelo próprio Freed em parceria com Nacio Herb Brown entre 1929 e 1939 e produtor queria encontrar um jeito de utilizá-las em algum filme.
Assim, Freed chamou os roteiristas Betty Comden e Adolph Green e pediu que eles concebessem um enredo para um filme onde as canções poderiam ser utilizadas. Como a maioria delas haviam sido escritas, como dito, entre o final dos anos 1920 e o final dos anos 1930, Comden e Green conceberam uma história que se passava durante a transição do cinema mudo para o cinema falado, para coincidir com o período em que as canções foram compostas.
No enredo, temos um astro do cinema mudo, tendo que se adaptar a nova era do cinema e, para isso, utilizando sua experiência anterior como artista do vaudeville. Ao mesmo tempo, ele também tem que lidar com sua paixão por uma atriz novata e com uma atriz veterana que é sua parceira na maioria dos filmes, mas que ele odeia com todas as forças.
Cantando na Chuva – Um clássico do cinema musical quase sem canções originais
O fato de Cantando na Chuva ter sido concebido apenas como um veículo para utilização de canções disponíveis nos arquivos da MGM, faz com que ele praticamente não tenha nenhuma canção original, ou seja, canções originalmente compostas para serem utilizadas no filme. Até mesmo a icônica “Singin’ in the Rain”, que funciona como canção-título do filme e se tornou uma das canções mais icônicas da história do cinema mundial, havia sido composta muitos anos antes.
Isso mesmo. “Singin’ in the Rain” foi originalmente composta para aparecer em outro musical da MGM, chamado de “Hollywood Revue” e lançado em 1929. Até mesmo “Make ‘Em Laugh”, uma das poucas “canções originais” de Cantando na Chuva, é, na verdade, uma cópia deslavada de “Be a Clown”, canção composta pelo grande Cole Porter para o filme O Pirata (1948). Sendo que até o diretor de Cantando na Chuva, Stanley Donen, considerou “Make ‘Em Laugh” 100% plágio, mas Porter preferiu não processar a MGM.
Apesar de tudo isso, Cantando na Chuva foi um sucesso de público e crítica na época de seu lançamento e com o tempo alcançou o status de filme clássico. Mais que isso, atualmente, o filme possuiu uma taxa de aprovação de 100% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas da internet, e é considerado pela maioria dos críticos de cinema e cinéfilos como o mais importante filme musical já feito até hoje.