Sabia que o roteirista de …E o Vento Levou teve uma morte bizarra? Sidney Howard era uma das principais figuras da Broadway e também um dos principais dramaturgos do país quando ele morreu, em 1939, aos 48 anos de idade. Sua morte causou enorme comoção na classe artística e uma “calamidade” na Broadway, já que Howard era um dos mais admirados e também prolíficos autores de peças teatrais dos Estados Unidos e sua carreira estava no auge.
Apesar de ter sido creditado como o único autor do roteiro do clássico E o Vento Levou, diversos outros autores também participaram de sua autoria, em meio ao caos que foi a produção do filme que, inclusive, contou com o trabalho de pelo menos três diretores diferentes. Apesar de tudo isso, Sidney Howard acabou recebendo um Oscar pelo roteiro do filme, marcando a primeira vez na história em que os votantes da premiação resolveram entregar um Oscar póstumo.
Sidney Howard: Início difícil e sucesso gigantesco
Sidney Howard nasceu na Califórnia, nos Estados Unidos, e estudou em duas das mais prestigiadas universidades do país, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e na Universidade de Harvard. Nessa última, Howard foi aluno do renomado professor George Pierce Baker e fez parte de um grupo de alunos que incluia autores que se tornariam bastante renomados, como Eugene O’Neill, Thomas Wolfe, Philip Barry e S.N. Behrman.
No início dos anos 1920, ele se aventurou a produzir peças para a Broadway, mas sua primeira peça não fez sucesso nem com o público e nem com a crítica. Contudo, ele não desistiu e em 1924 conseguiu finalmente chegar ao sucesso com a peça “They Knew What They Wanted” (ou “Eles Sabiam o que Queriam”, em tradução literal), que lhe rendeu um Prêmio Pulitzer e também estabeleceu sua reputação como autor teatral.

Durante, os anos 1920, ele escreveu diversas peças de sucesso e no início dos anos 1930, ele já era considerado uma das figuras mais proeminentes da Broadway. Nessa época, ele ajudou a fundar a Playwrights’ Company, uma companhia teatral que produziria mais de 70 peças de teatro. Contratado por Samuel Goldwyn, um dos fundadores da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Sidney Howard começou a escrever roteiros para cinema.
Nessa carreira, ele também foi bem-sucedido e em 1932, ele recebeu sua primeira indicação ao Oscar, pelo roteiro do drama Médico e Amante (1931). Howard repetiria o feito em 1937, com o roteiro do filme Fogo de Outono (1936). Nesse mesmo ano, no auge do sucesso, ele foi capa da famosa Revista Time. Nessa mesma época, ele foi contratado para escrever o roteiro de …E o Vento Levou, que seria a maior produção cinematográfica da época.
Howard escreveu a primeira versão do roteiro, mas ela era tão longa que exigiria que o filme tivesse cerca de seis horas de duração. David O. Selznick, produtor de …E o Vento Levou, então, pediu que ele ficasse no set para ir fazendo revisões no roteiro enquanto o filme era produzido. Howard, no entanto, se recusou e o produtor contratou diversos outros roteiristas para fazerem esse trabalho. Mesmo assim, no final decidiu-se que Howard seria o único creditado como autor do roteiro do filme.
Morte tágica, bizarra e inesperada
Sidney Howard era um apaixonado pela natureza e adorava a vida rural. Por isso, ele comprou uma fazenda de 700 acres no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos e passava lá o máximo de tempo possível. Se recusando, inclusive, a trabalhar em alguns projetos para cuidar da tal fazenda. Em 23 de agosto de 1939, antes mesmo da estreia de …E o Vento Levou nos cinemas, Howard estava trabalhando em sua fazenda. Ao tentar dar partida em um trator de cerca de duas toneladas e meia, a máquina deu uma guinada para frente, imprensando-o contra a parede da garagem e causando a sua morte, aos 48 anos de idade.
A morte repentina, trágica e em circunstâncias tão bizarras de um dos nomes mais proeminentes do cinema e do teatro norte-americano da época, causou comoção, assombro e foi considerada até mesmo uma calamidade para a Broadway devido ao tamanho de sua importância para o teatro norte-americano na época. Sua vitória no Oscar entregue no ano seguinte, a primeira vez que o prêmio foi entregue a alguém que já havia falecido, foi também uma forma de homenagear Howard por sua carreira de sucesso.