Sabia que em 1921 Roscoe Arbuckle foi, oficialmente, acusado de estupro e homicídio culposo e que, após três julgamentos, além de ter sido, unanimemente, considerado inocente ele recebeu, ainda, um pedido formal de desculpas por parte do júri? Apesar disso, contudo, após o caso e o escândalo causado por ele, a carreira de Arbuckle praticamente acabou.
A festa que mudou a vida de Roscoe Arbuckle
Em 1921, Roscoe Arbuckle era um dos mais bem sucedidos comediantes de Hollywood. Em 5 setembro daquele ano, ele e mais dois amigos (Lowell Sherman e Fred Fishback) decidiram reservar três quartos no Hotel St. Francis, em São Francisco, afim de promover uma festa. À essa festa, compareceu a aspirante a atriz Virginia Rappe, que durante a noite passou muito mal, sendo atendida pelo médico do hotel e, logo depois, sendo enviada para casa, já que o médico concluiu que ela teria se sentido mal devido ao excesso de álcool.

Dois dias depois, Rappe foi admitida em um hospital da cidade e lá uma de suas amigas, Bambina Maude Delmont, alegou que ela teria sido estuprada por Arbuckle, no dia da tal festa. Um dia depois, em 9 de setembro, Rappe acabou falecendo de peritonite causada por uma ruptura de bexiga. A autópsia não indicou nenhum sinal de estupro. E, além disso, também foi concluído que ela sofria de diversas doenças, inclusive, uma infecção grave em seu aparelho urinário.
Sensacionalismo da imprensa e julgamentos
Apesar disso, Delmont continuou sustentando a alegação de estupro e o caso começou a ganhar as páginas dos jornais da época (principalmente, aqueles da “imprensa marrom” dirigidos por William Randolph Hearst). A polícia alegou que o peso de Arbuckle teria causado o rompimento da bexiga de Rappe. Inflamado pela imprensa e por diversas histórias (muitas delas mentirosas) o caso foi levado aos tribunais. O comediante foi preso e de novembro de 1921 a março de 1922 enfrentou três julgamentos.

Os dois primeiros tiveram resultados questionáveis e não conclusivos. Contudo, no terceiro, o júri decidiu, unanimemente, que Arbuckle era inocente. Além disso, os membros do júri decidiram ainda redigir um pedido formal de desculpas ao comediante, se desculpando pelas “injustiças” que ele havia sofrido. O escândalo, no entanto, já havia destruído sua carreira e também sua vida pessoal.
Tentativas de retomar a carreira
Pouco depois de proferido o veredito de inocência, Will H. Hays (presidente da, recém criada, MPPDA, a associação dos produtores e distribuidores de filmes dos Estados Unidos) proibiu, formalmente, seus filmes de serem exibidos e os estúdios de contratá-lo. Mesmo após o banimento ter sido oficialmente retirado, em dezembro de 1922, exibidores continuavam se recusando a exibir seus filmes e estúdios a contratá-lo.

Sua reputação junto ao público que um dia o havia amado estava destruída e ele ainda devia mais de 700 mil dólares (mais de 12 milhões de dólares em valores atuais) em taxas advocatícias. O que fez com que Arbuckle tivesse que vender sua casa e todos os seus carros para pagar suas dívidas. Amigos, como Buster Keaton, tentaram ajudá-lo e ele ainda tentou fazer novos filmes, mas os distribuidores se recusavam a lançá-los nos Estados Unidos.
Endividado e destruído, o ator começou a beber copiosamente o que o levou ao alcoolismo. Em 1932, mais de 10 anos após o caso, a Warner Bros. Pictures foi o primeiro estúdio a dar a Arbuckle uma nova chance. Assinando com o comediante um contrato para a produção de seis curtas-metragens estrelados por ele. Em 28 de junho de 1933, o mesmo estúdio assinou outro contrato com Arbuckle. Dessa vez, para que ele estrelasse um longa-metragem, o seu primeiro desde 1921.

No dia seguinte, o comediante saiu com amigos para comemorar dizendo que “aquele era o melhor dia de sua vida”. Naquela mesma noite, Arbuckle sofreu um ataque cardíaco enquanto dormia e faleceu aos 46 anos de idade.